domingo, 17 de julho de 2011

POESIA



Toc, toc
O sopro da palavra
Chega no ouvido
Zonzo...

Aperta o calo travado da alma
Congelando as cordas
Que amarrava nossas mãos.

Aquece todos os fios do corpo
Captura e lapida as raízes arrancadas
Restaura, descontrói, transforma
Cria laços nas mentes tristonhas.

Suspira ...
Alma leve vida
Vida leve alma
Leve vida calma.

Grita até os pulmões do norte
Umidece o horizonte
Salta da água doce pra salgada
Sente, precente
Muda a encruzilhada
Vira de cabeça a ponta da língua
Aspira da sina.

Guia, conta história
Faz da forma o seu planalto
Retorna a semente da terra cansada
E faz nascer o por-do-sol mais lindo
Todos os dias sem desconfiar de nada.





Amor de São João


O amor me pegou de jeito
Num dia de São João
O vento soprô ligeiro
Sem freio atingiu meu coração
E quando a fogueira acendeu
Trouxe revelação.

Fiquei arrepiada!
O amor deixa marca
Nas ondas da paixão.

Nas bandeirinhas voando
Vi um filme passando
Feliz da vida eu ia cantando.

Foi quando trupiquei numa pedra
Bati com a cara no chão
Meus dentes voaram longe
Acompanhando as brasas de São João.

E bem nessa hora
Toda suja de lama
Meu amor se viro.

E todo encantamento
Viro aberração
Fui andando pra casa
Contando os passos
De um ser aperriado
Envolvido num enrosco solitário de amor.