quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Saudades




Saudades eu tenho
Do seu olhar
Das conversas
Do abraço
E do poder que você tem ou tinha
De saber o significado
De cada expressão minha
Das estórias, do violão
Das cantorias
Daquela música que você tocava
Pra me fazer dormir
Tranquila, sonhos bons eu tinha
Das brigas com a mãe não!
Disso eu não tenho saudade ...
Te idealizo pai
Uma forma que não tenho mais
E na verdade nem sei se tive um dia
Te vejo nos lugares acompanhando
O meu trajeto
Nas ruas, metrô, teto
Em que ponto tropeçamos?
Foi eu ou fomos nós que erramos?
O peito aperta não por você estar longe
Mas sim por te entender como um ser qualquer
Distante daquilo que um dia eu nomeei de família
E agora na minha cabeça
Reproduzo a fantasia
De alguém que um dia amei
Com toda força que o vermelho denso
Coração inquieto pode bater.

Seres


A morte feriu-me três vezes
Como num passe de mágica
A vida soprou desgraça.

No meu leito
Não tenho mais parceiro
Alegria, momentos felizes
Se foram com o vento
Da primavera que passei enclausurada.

E assim cumpriu-se a impotência
Da alma, carne, desejo ...

A primeira levando meus filhos
A segunda derrubando minha casa
A terceira ....
Me tratando
Feito lixo