quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Sombrio




Não era uma vez e sim o fim direto, reto, descompassado, protesto, novo dialeto criado, sem fronteiras, barreiras, descaso. Só a verdade consola a memória daquilo que se foi.

Alice estava cansada, não queria a porra do relógio e nem ver a cara daquele coelho branquelo idiota. Estava pouco ligando para o seu mundo de conto de fadas.
Percebeu que a grama era falsa e que as pessoas da estória são robôs com memória de humanos. Escondida, suou frio, passou pelos calabouços da aminésia e foi até o último labirinto do seu peito, pegou uma AR-15 e saiu disparando, foi do final até o início dessa estória sórdida.
Saiu pela porta da frente, estava cheia de sangue, seus cabelos cacheados e loiros estavam pingando um vermelho grudento. Jogou a arma para longe, pegou as cartas que lhe sobraram e saiu pulando
 estava alegre, como se tivesse ganhado na loteria.
Enfim ela iria renascer sem aquele coelho velho fedido, monstruoso, que a desviou de seu verdadeiro caminho.
Uma criação mais próxima a sua realidade?
Sofrimento, solidão, melancolia, falsas respostas, o nada, nada...

Feliz demais também encomoda.
E isso desatou a sádica maluquice de Alice.
                                                               

                                                Samanta Biotti
(Inspirado nas conversas com o amigo Vagner)