terça-feira, 22 de dezembro de 2009

O Presente





Dia de sol finalmente vou voar
Sair da cidade, conhecer outros ares
Minhas asas caíram, sobraram as marcas
No pensamento não importa
Já li todos os sociólogos e filósofos
Mas não consegui encontrar um caminho
Talvez pela falta de persistência ou
Por ser, humano, cruel, nojento, homicida
Vai saber...
Quem quer a cura, inventou a doença
O desejo se mantém na ponta da língua
Mas as barreiras continuam imensas
Corro, pulo, alcanço e perco
O dia passa, as horas se vão e o tempo conta
Nossos segundos de vida
Sou a besta que saiu do bicho
Qual a diferença?
Trancamos os animaizinhos
Mas criamos alianças de monstros S/A por todo o mundo
e não nos vemos sem tais ocupações, posições .
E o poder prevalece como fonte de sabedoria
Humilhando, instigando a angústia e a loucura prepotente
Daquele mesmo que se acha Rei
A burguesia se curva, aplaude e se engana na verdade
E o que é a verdade nos tempos de hoje?
Penso que não vou mais viajar
Ficarei aqui mesmo, talvez ler um pouco mais
Ou quem sabe descobrir uma química que remova
A minha dor de ser isso ....
Humano presunçoso
Frustrado, cansado de toda fantasia
Ideologia maçante, decrescente
E quem sabe hoje eu tenha ao menos a coragem
De apertar a droga do laço para aquele presente imbecil
Que eu comprei, mas nunca dei a ninguém



Samanta Biotti

Funk das Meninas



Aqui não tem tapinha
E nem as preparadas
Muito menos as cachorras
Aqui é o Sarau da Brasa

Aqui tem mulher forte
E tem mulher guerreira
Chega dessas letras que me tiram de rampeira

Tá tirando malucão?

Vê se presta atenção
As mina é cabeça e cansou de humilhação
Vem pro Sarau da Brasa refletir essa questão
A palavra aqui tem força contra a alienação

Refrão
Uh uh uh uh uh
Periferia
Uh uh uh uh uh
Só os poetas
Uh uh uh uh uh
Tem verso e conto
Uh uh uh uh uh
Sarau da Brasa


Letra: Tais Lopes, Samanta Biotti e Elaine Pessoti

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Willian Romeo - Missão Repórter

São Paulo



Cidade Grande

Cai à noite
Escuto seu canto
História de milênios
Amores desesperados
Paro tudo que faço
Sento na tua estrela
Comando o meu trajeto
Sem hora pra voltar eu te espero

Não tem momento certo
Deixei o ouvido aberto
Vi suas terras mancharem
Eu vi o seu deserto
O luto pediu silêncio
E a noite parecia não terminar

Ares frios, temperados
Piratininga conquistou o seu reinado

Ares frios, temperados
Piratininga conquistou o seu reinado

Cercada por rios
Não dormiu na noite
Que presenciou
Os índios perdendo o lar

Não dormiu na noite
Que presenciou

Os índios perdendo o lar
Os índios expulsos de lá
Cultura jogada pro ar ...

 


  • Samba Cidade Grande - Composição: Samanta Biotti

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Sombrio




Não era uma vez e sim o fim direto, reto, descompassado, protesto, novo dialeto criado, sem fronteiras, barreiras, descaso. Só a verdade consola a memória daquilo que se foi.

Alice estava cansada, não queria a porra do relógio e nem ver a cara daquele coelho branquelo idiota. Estava pouco ligando para o seu mundo de conto de fadas.
Percebeu que a grama era falsa e que as pessoas da estória são robôs com memória de humanos. Escondida, suou frio, passou pelos calabouços da aminésia e foi até o último labirinto do seu peito, pegou uma AR-15 e saiu disparando, foi do final até o início dessa estória sórdida.
Saiu pela porta da frente, estava cheia de sangue, seus cabelos cacheados e loiros estavam pingando um vermelho grudento. Jogou a arma para longe, pegou as cartas que lhe sobraram e saiu pulando
 estava alegre, como se tivesse ganhado na loteria.
Enfim ela iria renascer sem aquele coelho velho fedido, monstruoso, que a desviou de seu verdadeiro caminho.
Uma criação mais próxima a sua realidade?
Sofrimento, solidão, melancolia, falsas respostas, o nada, nada...

Feliz demais também encomoda.
E isso desatou a sádica maluquice de Alice.
                                                               

                                                Samanta Biotti
(Inspirado nas conversas com o amigo Vagner)

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Cadê a justiça? O acesso aos nossos direitos.... nada, não temos nada!

Por AE, Agencia Estado, Atualizado: 14/12/2009 9:50

Justiça manda soltar jovens acusados de racismo em SP
Três estudantes de Medicina de uma faculdade particular de Ribeirão Preto, no interior paulista, acusados de racismo contra um trabalhador de 55 anos foram soltos no sábado à noite. Os advogados de defesa conseguiram a liberdade provisória concedida pelo juiz plantonista Ricardo Braga Montesserat. O trio foi autuado em flagrante por racismo, crime inafiançável e que prevê pena de um a três anos de prisão.
Emílio Pechulo Ederson, de 20 anos, Felipe Grion Trevisani, de 21, e Abrahão Afiune Júnior, de 19, foram presos suspeitos de agredir Geraldo Garcia, que seguia de bicicleta para o trabalho no início da manhã de sábado. De carro, os jovens se aproximaram e um deles teria desferido um golpe nas costas de Garcia, com um tapete enrolado, e gritando "negro".
Segundo testemunhas, os três teriam vibrado com a ação. Dois vigilantes que tinham saído de um evento e testemunharam o ocorrido seguiram e detiveram os estudantes numa avenida próxima. A Polícia Militar (PM) os levou ao 1º Plantão Policial.
A defesa alegou que não houve agressão nem conotação racial para que os três jovens ficassem presos.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Meu Lar


Vielas...

Parque de diversão moderno
Andei por suas trilhas
Em cima de pontes improvisadas
Vi sua face ofuscada na noite
E um gritante sorriso
Nas manhãs antes do sol

Brinquei muito no córrego
Nos seus morros de barro
Escalei, peguei morangos
No buracão
Que corria água sem O2

Ainda criança conheci a morte
O desespero consome
Cena de filme, ação
Revolta, punição
Ninguém se mete
Ele vai pedir água
E você dirá não

Morei na rua promontório
Vila Penteado, sem laquê
Esse foi o meu reinado
Neste cabo elevado
Formado de rochas
Que avançam sobre o mar
                                                                                                                                          Samanta Biotti

Dedico as mulheres que amam mulheres


Anoiteceu

A madrugada veio
Não consigo dormir
Saio do quarto, vou para sala
Abro a janela, a luz da
Lua reflete meu rosto
Não tenho vergonha dela
Como vim ao mundo
Observo a majestade
Sorrindo

A passagem das nuvens
Brisa leve sopra
Sinto a minha pele lisa
Macia, falando por si
Meus cabelos lançados nas costas
Provoca sensação fantasiosa

Não sei o que há
O lençol umedecido
Revela a minha tensão
O meu excesso de afeto
Em vão, estou sozinha
Mas não me dou por vencida
Resolvo tomar um banho
Deixo a água cair devagar
pelos ombros.
E descendo se encontram
Molhando meu corpo todo
O sabonete parece me conhecer
A água morna me deixa solta
Os movimentos criam a ação dengosa
Prazerosa,
Não paro até sentir aquela sensação

É, essa mesma!

Termino o banho, ainda estou
Ofegante, dissimulada
E você não veio
Ilusão que nunca aparece
Minha mente faz isso, me enlouquece
Então me despeço
Tenho medo
Sei o que você viu, não posso me enganar
Podia ter sido antes...
Não durmo, mas escrevo

As linhas, desenhos me levam para outros mundos
Sem lei, nem pudor
Falo me liberto nas letras
Ela me aceita
 Eu me acalmo
     Durmo depois ...
  •                                                                                                                              Samanta Biotti

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Canção da Saudade


Terra Minha oê oê
Lar meu oê oê

Coração em chamas longe da família
Coração doente longe da minha África

Nasci humana
  Hoje sou mercadoria
E fui vendida oê oê
E fui vendida oá oá

Oxalá traz de volta a minha África
Oxalá me dá assas preu voá

                                          (Trecho do livro que estou escrevendo : Isabela - A Contadora de Histórias)
                         Samanta Biotti

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Sempre digo, mas nunca é demais ...

Eu Te Amo


 Um caso de amor

  Uma década se passou 
Lembra?
Nos encontramos uma primeira vez
Você acompanhado não me olhou
Mas quando é pra ser, nenhum coração se engana
Estreitamos laços e você me tocou naquela noite de calor
Me conheceu sendo botão entreaberto
Perguntou se eu o amava
E eu, rosa chamuscada soltei uma lágrima que você beijou
Afogando a minha ânsia de ser amada
Meu corpo se dividiu
Coração inquieto e a mente desesperada

Pintei o deserto, cobri de flores o meu teto
Você que conhece o meu caminho
Indaga o meu amor predileto
Você, nego sincero
Acalenta, me faz tremer na base estável
Vira o meu mundo de cabeça para baixo
Ainda sim, que bom
Sinto o frio na barriga, a saudade
A vontade de você, sempre, constante, presente
Seu romantismo é mais que Don Juan

Nossa cama de tão quente fica insuportável
Nos tornamos um só nesse emaranhado caso de amor e paixão
Nossos olhares, afagos, dengos, prazeres
Se combinam feito nota musical
Ao final do concerto a minha e sua canção afloram
Estamos ludibriados, cansados, alegres
Você me beija e me toma como sua por inteira
Dormimos juntos, abraçados, encaixados, colados
E nos meus sonhos vejo você novamente
E o que era fim se torna recomeço

                                                          
                                         Inspirado no meu companheiro amado Marido Sidnei

                                                                                          
                                                                                                                Samanta Biotti



                                                                          24/11/09   




Travessia de Ana


A outra face

Ana, cadê teu sorriso?
Sua mágica no olhar
Aquela sensatez exata de 2+2?
De copos em copos você se deixou levar
E com a boca sempre pintada, caminha sobre vidros
Sem perceber os cortes no pé?

O que há Ana?

Qual melancolia discutiremos primeiro?

Ah! você não fala!

Prefere atormentar nos sonhos?

Vai lá Ana !
Me fala dos maus tempos
Das humilhações que passou
E da raiva, essa parte é boa (Risos)

Qual é ? Agora não quer mais conversa?

Vai Ana !
Fala da sua tristeza sórdida
Dos seus encontros ausentes de paixão
Me explica a tua podridão, o teu medo de caminhar

Tá chorando Ana?

Porque eu estou sorrindo? (sarcástico)

Olha pra cima, não percebe que só eu existo?
Você aparece quando eu quero
É a voz que me complica a mente
Me apagando, deixa-me sem luz

Calma Ana me deixe terminar!

Vê aquela estrela?

Vai pra lá Ana e só volte quando tiver boas notícias.


quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Criança que Brinca



Criança tem brincar
Correr, pular, gritar!
Fazer traquinagem
Viajar do seu jeito sem limites
Como pássaro
Dê asas para sua criança
                                     Sua, dos amigos
                                     Da vizinha esperança
                                     Não reprima
                                     Pule corda, jogue bola
                                     Criança que brinca de verdade
                                     É a mais pura luz da paz.

                                                                                                               Samanta Biotti


Luiz Carlos e a Tartaruga Mágica



Luiz Carlos um menino de seis anos, ainda não sabe ler, mas pinta muitos desenhos, faz caretas,
empina pipa e brinca o dia inteiro.
Toda manhã era de lei sair de casa, pegar a bola e correr para o campinho. Esse campinho dava perto do lago do vizinho bravo, o seu José. Bravo nada! Quem conhece sabe que ele é chorão até pra tomar remédio, seu José cuida do laguinho desde menino. Lago bonito que ele mesmo fez, colocou umas pedras para surgir o cercado, peneirou até a água, plantou umas árvores e fez banquinhos
para aconchegar todos que fossem apreciar.
Hoje tá muito bonito, tem tartaruga, carpa e alguns pescados. Mas essa beleza não era assim, seu José demorou muito tempo transformando o barro. Junto com seu pai cavou bastante até surgir um “piscinão”. O buraco enchia de água no verão, a garotada corria e mergulhava como se fosse um trampolim, era pura diversão. A periferia do Paulistano batia cartão, faziam até fila pra entrar. E no mês de Abril do ano seguinte o lago estava pronto, só faltavam os habitantes da água.
Foi quando seu José viu pela primeira vez
uma tartaruga de água doce.

(Este é um trecho do conto que estou desenvolvendo. Ano que vem quero lançá-lo se tudo der certo, com desenhos muito coloridos, por enquanto é só pois estou revisando e alterando algumas coisas... Obrigada por ler).