quarta-feira, 24 de março de 2010

Passos


O movimento, transcender de jeito quente
Traz na sua morada um coração simples
Nas guerras não existe ser humano
Somos máquinas de uma grande roda gigante
Do desespero, amante da dor
E do tormento

O amor me faz cantar
Exala a minha essência
Faz sorrir, faz chorar
O preconceito me deixa triste
Um lixo solto no ar

Sigo o caminho do vendaval
Profundo funeral da existência
Suspiro aliviado com a tua presença
Que cuida, aconchega
Faz chover
No calor incendeia
E eu vou
Um pé na frente do outro
Não calo
Não sou mais tolerante
E nem a vítima
Construo o meu espaço
Eterna morada com você
Meu anjo negro




Luizinho e a Tartaruga Mágica


O menino pega o peão
Atravessa o beco
Vai pro campinho
Ele pega sua bola murcha
Joga no meio
É um delírio

A Carlinha chega de rosa
E não quer ficar de fora
Os meninos se dividem
São dois grupos competindo

A partida já começa
Com golaço da Carlinha
A torcida vibra
E o Marquinhos
Dá uma risadinha

Não escolheram a menina!
Olha só!
Ela é artilheira

Como é bom ser criança
A imaginação não engana

Como é bom ser criança
Tudo é verdade
Caminho, curiosidade
Afina o faceiro tom
A identidade!

segunda-feira, 8 de março de 2010

Vergonha somada a espírito de porco e de porca...

Para senador, os negros são os culpados pela escravidão no Brasil

Ontem, durante audiência no Supremo Tribunal Federal para discutir o sistema de cotas em universidades públicas, o senador Demóstenes Torres (DEM-GO) usou da palavra para destilar todo o seu profundo conhecimento sobre a história do Brasil. Quem ouviu seu discurso saiu com a impressão de que aprendeu várias coisas novas. Que os africanos eram os principais responsáveis pelo tráfico transatlântico de escravos. Que escravas negras não foram violentadas pelos patrões brancos, afinal de contas “isso se deu de forma muito mais consensual” e “levou o Brasil a ter hoje essa magnífica configuração social” de hoje. Que no dia seguinte à sua libertação, os escravos “eram cidadão como outro qualquer, com todos os direitos políticos e o mesmo grau de elegibilidade” – mesmo sem nenhuma política de inserção aplicada. Com tudo isso, o nobre senador deu a entender que os negros foram os reais culpados pela escravidão no Brasil. As frases (da qual retirei trechos que estão entre aspas) foram registradas pelos jornalistas Laura Capriglione e Lucas Ferraz, da Folha de S. Paulo.
A posição do senador é compreensível, se considerarmos que o discurso feito não foi um ataque à reserva de vagas para negros e afrodescendentes e sim uma defesa da elite política e econômica que controlou a escravidão no país e que, com algumas mudanças e adaptações, desembocou em setores do seu próprio partido.
Depois me perguntam por que a proposta que confisca terras de quem usou trabalho escravo está engavetada no Congresso Nacional…
Um comentário sobre o direito dos libertados exposto pelo senador: Em meados do século 19, com o fim do tráfico transatlântico de escravos, a propriedade legal sob seres humanos estava com os dias contados. Em questão de anos, centenas de milhares de pessoas estariam livres para ocupar terras virgens – que o país tinha de sobra – e produzir para si próprios em um sistema possivelmente de campesinato. Quem trabalharia para as fazendas? Como garantir mão-de-obra após a abolição?
Vislumbrando que, mantida a estrutura fundiária do país, o final da escravidão poderia representar um colapso dos grandes produtores rurais, o governo brasileiro criou meios para garantir que poucos mantivessem acesso aos meios de produção. A Lei de Terras foi aprovada poucas semanas após a extinção do tráfico de escravos, em 1850, e criou mecanismos para a regularização fundiária. As terras devolutas passaram para as mãos do Estado, que passaria a vendê-las e não doá-las como era feito até então.
O custo da terra começou a existir, mas não era significativo para os então fazendeiros, que dispunham de recursos para a ampliação de seus domínios. Porém, era o suficiente para deixar ex-escravos e pobres de fora do processo legal. Ou seja, mantinha a força de trabalho à disposição do serviço de quem tinha dinheiro e poder.
Com o trabalho cativo, a terra poderia estar à disposição para livre ocupação. Porém, com o trabalho livre, o acesso à terra precisava ser restringido. A existência de terras livres garante produtores independentes e dificulta a centralização do capital e da produção baseada na exploração do trabalho. Com o fim do tráfico e o livre mercado de trabalho despontando no horizonte, o governo brasileiro foi obrigado a tomar medidas para impedir o acesso à terra, mantendo a mão-de-obra reprimida e alijada de seus meios de produção.
O fim da escravidão não representou a melhoria na qualidade de vida de muitos trabalhadores, uma vez que o desenvolvimento de um número considerável de empreendimentos continuou a se alimentar de formas de exploração semelhantes ao período da escravidão como forma de possibilitar uma margem de lucro maior ao empreendimento ou mesmo lhe dar competitividade para a concorrência no mercado. Desde 1995, mais de 36 mil escravos contemporâneos foram libertados pelo governo de fazendas de gado, soja, cana…
Para além dos efeitos da Lei Áurea, que completa 122 anos em maio, trabalhadores rurais ainda vivem sob a ameaça do cativeiro. Mudaram-se os rótulos, ficaram as garrafas.
Mas, principalmente, o Brasil não foi capaz de garantir que os libertos fossem tratados com o respeito que seres humanos e cidadãos mereciam, no campo ou na cidade. Herança maldita presente na sociedade. E alimentada por discursos como o de Demóstenes Torres.
PS: Posto o discurso do senador (a partir do minuto 33) a pedido de leitores. O que me lembra que um político é capaz de falar qualquer coisa de uma forma bonita…



"Negro rico no Brasil vira branco", afirma advogada que contesta cotas raciais

03/03 - 07:01
Rodrigo Haidar, iG Brasília
“Negro rico no Brasil vira branco. E branco pobre vira negro”. A frase é da advogada voluntária do DEM Roberta Fragoso Kaufmann, autora da ação que provocou a série de audiências públicas que o Supremo Tribunal Federal promove a partir desta quarta-feira para discutir a adoção de cotas raciais em universidades. Roberta não poupa adjetivos para atacar a reserva de vagas para negros, especialmente na Universidade de Brasília (UnB).

“A UnB criou um tribunal racial para definir quem é branco ou negro, com base em critérios secretos”, afirma. A direção da UnB rebate a afirmação dizendo que se trata de um evidente “excesso de linguagem” da advogada.
Loira de olhos claros, Roberta se tornou alvo de constantes protestos do movimento negro em Brasília. Não é por menos. Ela é uma das vozes mais agudas contra as cotas raciais. A advogada decidiu enfrentar o que chama de tentativa de segregação racial há quase dez anos, quando escolheu o tema de sua dissertação de mestrado, que foi aprovada em 2003 pela própria UnB.
Roberta Fragoso Kaufmann - Foto Marcos Brandão/ OBritonews

O trabalho se transformou no livro “Ações afirmativas à brasileira: necessidade ou mito?”, no qual ela traça as diferenças entre a necessidade de inclusão racial nos Estados Unidos e no Brasil. Ao final da defesa da dissertação, durante a qual foi insistentemente vaiada, seu carro estava pichado: “O mérito é burrice. E você é a maior prova disso”. O “mérito” se referia ao fato de que Roberta foi aprovada no concurso para fazer mestrado na UnB em primeiro lugar.
Flor da pele
A animosidade em relação a Roberta foi o estopim para que ela entrasse com a ação no Supremo pedindo a suspensão do vestibular da UnB, em julho passado. Segundo a advogada, pouco mais de um mês antes, ela foi convidada para discutir cotas raciais na universidade ao lado do sociólogo Demétrio Magnoli. Os dois discursariam contra o sistema de cotas, depois de outros dois convidados a falar a favor.
“Não conseguimos falar. Os que defenderam as cotas expuseram com tranqüilidade, mas quando chegou nossa vez, vaias e cornetas não nos permitiram expor nada. Uma lástima. Saí de lá decidida a não aguentar mais esse maniqueísmo”, conta Roberta. O primeiro obstáculo para entrar com a ação foi encontrar alguma entidade ou partido, que podem peticionar nestes casos ao STF, que a assinasse.
A advogada conta que foi até o senador Demóstenes Torres (DEM-GO), que também é contra as cotas raciais. O senador endossou a ideia da ação. Roberta tirou férias da procuradoria do Distrito Federal, onde trabalha, para estudar a ação. No dia 18 de julho, recebeu a procuração do Democratas. Dois dias depois, entrou com o pedido no Supremo para suspender as inscrições no vestibular da UnB.
O pedido parou nas mãos do presidente do Supremo, ministro Gilmar Mendes, a quem cabe decidir as ações distribuídas em julho, quando o tribunal está em recesso. Isso foi visto como um direcionamento da ação, já que Mendes foi o orientador da tese de Roberta Kaufmann na UnB. O ministro, contudo, não suspendeu o vestibular e determinou a redistribuição da ação. O relator da causa, hoje, é o ministro Ricardo Lewandowski.
“Não houve direcionamento, tanto que o ministro Gilmar não julgou a meu favor. Houve uma coincidência de datas. A matrícula dos aprovados no vestibular aconteceria dia 23. Por isso, e porque recebi a procuração do DEM no dia 18 de julho, tive de entrar com a ação naquele período”, justifica a advogada.
Inclusão X segregação
Na ação e em seu livro Roberta Kaufmann afirma que o Brasil não pode importar um modelo pronto dos Estados Unidos e aplicá-lo sem considerar o contexto brasileiro e a realidade do País. “O modelo de ação afirmativa segue o dos EUA. Mas lá houve segregação racial promovida pelo Estado. Aqui, não. Somos orgulhosos da nossa miscigenação”, alega.
Para a advogada, o modelo brasileiro deveria incluir cotas sociais, com cortes por faixa de renda familiar e com reserva de vagas para alunos egressos de escolas públicas. Dessa forma, sustenta, as ações atenderiam à maioria da população negra, que é pobre, mas não excluiria os pobres de pele clara.
Roberta Kaufmann advoga que os brasileiros negros não chegam à universidade porque não puderam pagar boas escolas. Logo, não conseguem se qualificar para ser aprovados. E isso mostraria que, no Brasil, a desigualdade decorre por questões financeiras e sociais, não por conta da cor da pele, sustenta.
“Nos Estados Unidos as cotas raciais foram necessárias para restabelecer o equilíbrio social. Aqui, fará com que uma sociedade miscigenada comece a se segregar. Todos sabem que existe, sim, preconceito racial no Brasil. Mas as cotas podem agravar esse problema, em vez de minimizá-lo”, conclui a advogada.

quinta-feira, 4 de março de 2010

Sábado na Brasa!


A bem querença traz Cidinha na Brasa perfeito! Somando com o encontro das mulheres essa guerreira forte na luta vai lançar mais um trabalho "Os Nove Pentes D`África".
Venha compartilhar e fortificar conosco mais uma batalha contra a mesmice de um sábado que naturalmente é voltado somente para as novelas...
Até lá!

quarta-feira, 3 de março de 2010

Oficina de Literatura


Oficineiro: Michel da Silva, co-fundador do sarau Elo da Corrente. Em março, o poeta Michel da Silva coordenará oficinas de literatura com a proposta de discutir, analisar e produzir escritos com referência na literatura periférica e sua produção ligada à militância cultural.
Projeto contemplado pelo Edital de Ocupação do CCJ.


De 06 a 28/03, sábados e domingos, das 10h30 às 12h30.

Idade Mínima: 16 anos. 30 vagas. Inscrições até 04/03 na recepção do CCJ.

Centro Cultural da Juventude Ruth Cardoso - Sala 11.

Av. Deputado Emílio Carlos, 3641 - Vila Nova Cachoeirinha. Zona Norte. Grátis.