segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Rosana Henrique Acalenta Simplório



Foi na manhã de sexta-feira do dia 30 de Outubro de um ano qualquer que ela surtou de vez, começou pelo espelho do banheiro. Quebrou cada partícula daquela imagem falsa que representava a sua auto-estima, não era gorda nem magra, a cor de sua pele era amarela com branco, misturada ao preto coberta de vermelho e seus olhos fundos, estavam envoltos da cor roxa escura. Os cabelos pretos estavam embaraçados opacos e como o seu coração não balançavam. Ela acabou se cortando com os vidros no chão, mas estava tão puta que ignorava a dor dos pés, tentando disfarçar o seu pior medo, aquilo que estava sentindo dentro do peito era muito forte, sua carcaça não iria suportar, suas mãos trêmulas não conseguiam se quer acender um cigarro. Patética ela senta na escada de sua casa e chora. Olha para os lados, não há ninguém a não ser seus fantasmas. Seu marido morreu no verão passado o único filho que teve também. No jornal disseram que foi acidente, mas pra ela foi assassinato mesmo, ninguém gosta de ver o outro alegre.
Ela sempre diz que a felicidade não existe e o que a torna presente em nós é exatamente a busca por ela. Dois anos antes Rosana estava muito bem, escritora com devoção, conseguiu vender muitos de seus livros, mora numa casa no meio do mato em Mogi das Águas. Para ela um sonho de consumo, animais, mata, tranqüilidade fora do transtorno mecânico da cidade que mata aos poucos seus habitantes que vivem alucinados feito ratos de laboratório. Cidade grande é bicho que engole bicho.

Rosana se fechou para o mundo real e criou a fantasia de um mundo seu.