quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

É SÓ CHEGAR!

O Coletivo Cultural “Esperança Garcia”, nasceu do encontro entre mulheres que freqüentam e desenvolvem ações culturais nos saraus literários das periferias de São Paulo - Sarau Elo da Corrente – Pirituba e Sarau Poesia na Brasa – Vila Brasilândia. O grupo passou a promover discussões que refletem o papel da mulher negra na literatura e outras vertentes artísticas. Durante o ano de 2008, foram realizadas discussões que evidenciaram a importância de se trazer referências femininas para esses espaços, seja através da literatura, rap, trabalhos artesanais, culinária e outras manifestações culturais que venham a contribuir para reafirmação dessas identidades. Em 2009, fomos convidadas para realizar saraus literários em uma das unidades da Fundação CASA (masculina), junto com o Coletivo Literário Elo da Corrente. Organizamos com outros coletivos a 1ª Festa dos Ibejis – Homenagem ao Dia das Crianças com a distribuição de mais de 600 kits contendo doces e livros, além de intervenções artísticas, com o intuito de promover a aproximação das crianças dessa região com elementos da cultura afro-brasileira e intervenção artística com o texto “O gato da beira do rio”, escrito por Michel Yakini. Todas essas ações sempre foram embasadas em pesquisa desenvolvida em conjunto com os grupos. Com essas ações pensadas e desenvolvidas em nossos espaços, pudemos perceber certo estranhamento e, até mesmo, a ausência de discussões e trabalhos realizados por mulheres dentro dos espaços que promovem a cultura nas periferias. A partir disso iniciamos nossos trabalhos nesse coletivo, que permite desenvolvermos uma proposta de trabalho que evidencie e reflita a importância da produção cultural da mulher nessas ações. Dessa maneira, buscamos tratar de questões relativas à nós mulheres, bem como nossas subjetividades que ainda são tratadas de maneira invisível.


PROGRAMAÇÃO

06/03 - Sarau Poesia na Brasa
Endereço do Sarau:Bar do CarlitaRua Prof. Viveiros Raposo, 534(próximo ao ponto final do ônibus Ana Rosa - Brasilândia, em frente a Escola João Solimeo)

21h
Abertura – Intervenção do Coletivo Esperança Garcia
Bate-papo sobre o cotidiano da mulher na periferia.
Mostra de fotografia Sonia – MULHERES DA MINHA TERRA -
Apresentação do grupo de dança “Corpo em Rito”

11/03 – SARAU ELO DA CORRENTE – PIRITUBA
Rua Jurubim,788-A, bar do Santista

20h30
Abertura – intervenção do Coletivo Esperança Garcia
Bate-papo sobre o cotidiano da mulher na periferia.
Mostra de fotografia Sonia – MULHERES DA MINHA TERRA -
Apresentação do grupo de dança Corpo em Rito

21/03 – CENTRO CULTURAL DA JUVENTUDE
Av.Deputado Emílio Carlos, 3.641 (ao lado do terminal Cachoeirinha)Vila Nova Cachoeirinha – São Paulo – SP

14 às 20h

Exposição de Fotografia: Sonia Regina Bischain - MULHERES DA MINHA TERRA - a força, a magia e a arte de sobreviver
Exposição Artes Plásticas: Carolzinha Teixeira
Exposição de livros literatura produzida por mulheres

Abertura

14h- Intervenção do Coletivo Esperança Garcia
Bate-papo sobre as poesias e a questão da mulher nos movimentos culturais.
15h00- Apresentação do grupo Corpo em Rito
16h00- Oficina de Turbantes – Cathiara
17h00- intervenções artisticas
17h30- Oficina de bonecas Makena – Lúcia
18h30- Apresentação CIA de arte negra Capulanas


Apoio: Sarau Elo da Corrente, Sarau Poesia na Brasa, Projeto Espremedor e CCJ-vl. Cachoeirinha


VISITE NOSSO BLOG - http://esperanca-garcia.blogspot.com/

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Saudades




Saudades eu tenho
Do seu olhar
Das conversas
Do abraço
E do poder que você tem ou tinha
De saber o significado
De cada expressão minha
Das estórias, do violão
Das cantorias
Daquela música que você tocava
Pra me fazer dormir
Tranquila, sonhos bons eu tinha
Das brigas com a mãe não!
Disso eu não tenho saudade ...
Te idealizo pai
Uma forma que não tenho mais
E na verdade nem sei se tive um dia
Te vejo nos lugares acompanhando
O meu trajeto
Nas ruas, metrô, teto
Em que ponto tropeçamos?
Foi eu ou fomos nós que erramos?
O peito aperta não por você estar longe
Mas sim por te entender como um ser qualquer
Distante daquilo que um dia eu nomeei de família
E agora na minha cabeça
Reproduzo a fantasia
De alguém que um dia amei
Com toda força que o vermelho denso
Coração inquieto pode bater.

Seres


A morte feriu-me três vezes
Como num passe de mágica
A vida soprou desgraça.

No meu leito
Não tenho mais parceiro
Alegria, momentos felizes
Se foram com o vento
Da primavera que passei enclausurada.

E assim cumpriu-se a impotência
Da alma, carne, desejo ...

A primeira levando meus filhos
A segunda derrubando minha casa
A terceira ....
Me tratando
Feito lixo




sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Criança

              
                Foto: Thiago Beleza
              

Bem querença
Ser você sempre
Brilha criança
Sua pureza encanta
Traz as águas calmas
Limpa a minha alma
Desperta o meu humor
Faz sorrir qualquer dor
Vence a tristeza sórdida
Identifica o amor
No perfume da rosa.
Traça seus caminhos
Variados destinos
Quer o dia de hoje
Ontem, amanhã, não importa
O agora é seu texto
Sua mira
Seu começo ...

Travessia parte III


Dez horas, 57 minutos e 35 segundos, pressão arterial 14 por 9, pulsação 140 batidas por minuto, desceu do ônibus amarelo, estava cansada seus olhos vermelhos denunciavam uma tristeza amarga dentro do peito, estava praticamente tendo um enfarte, mas sua pressão caiu. Caminhou até o bar, as ruas estavam escuras e os carros passavam a uma velocidade de 5 km por hora. Adentrou no ressinto olhou em volta o bailão comia solto dentro do boteco, música, bebida, risadas atrevidas e coxas junto as coxas. Pediu um rabo de galo, tomou de uma vez só, o líquido chegou no estômago feito brasa, afinal não havia comido nada desde a noite passada. Estava em choque, o dono do estabelecimento percebeu o quanto ela estava perturbada, foi quando ela arregalou os olhos pedindo silêncio, não queria pensar em mais nada, na verdade preferia naquele momento que sua consciência fosse alterada por uma página em branco. Suas mãos estavam sujas de barro, um barro vermelho escuro. E as onze horas, 10 minutos e 28 segundos com muitos bombeiros goela abaixo, ela percebeu que a sua roupa estava suja de sangue. O dono do bar disse que estava fechando e não iria servir mais nada pra ela, afinal a moça estava pra lá de baguidá. Trançando as pernas andou pelos becos escuros da avenida. Foi até o ponto de táxi fumou um cigarro, sentiu-se aliviada, passou o resto da noite num hotel. Quando acordou na manhã seguinte percebeu que sua cabeça estava sangrando, tomou um banho, fez curativo, cortou os cabelos, pintou de loiro, jogou as roupas sujas fora, contou o dinheiro que havia roubado do banco. Ainda tinha muito pra gastar, mas ela queria mesmo era se firmar num canto cansou de ficar escondida. A noite passada terminou com o namorado e ex-parceiro de roubo, a cena foi triste, ele ameaçou-a de morte, ela não hesitou, discutiram, brigaram e a coisa ficou pior quando ele foi pra cima dela com uma faca. Márcia, seu nome de batismo, nunca engoliu desaforo e esse dia não seria diferente, engatilhou, mirou na cabeça do covarde, mas pensou bem e não achou justo, então jogou a arma e pegou outra faca. Alucinado Zé Fulão não parou de ameaçá-la, começaram os golpes, xingamentos, os dois corpos se uniram numa cena triste, pesada, cercada pelo diabo mais sombrio do inferno. Ele caiu e o sangue que escorria de sua boca tinha uma cor escura de tom preto azulado. Morreu de olhos abertos de tão ruim que era. Ela demorou pra perceber a dominação violenta que a cercava. Saiu do hotel com uma mala, a barriga estava crescendo e ela precisava arranjar uma morada, foi então que conheceu Ana, uma senhora encantadora que adora prosa e mora na cidade mais limpa do interior. Márcia mudou para Adriana, não se casou e decidiu criar o filho sozinha. Montou um mercadinho na beira da estrada, próximo a sua pequena chácara Lago Azul, e no dia 04 de Outubro às sete horas, 35 minutos e 28 segundos, nasce João Henrique de Castro com 50 centímetros, três quilos, olhos fechados, bem cabeludo, forte como um touro. Adriana abriu um sorriso, finalmente pode sorrir de felicidade.



terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Salve a Rainha Iemanjá

Yemojà
Na África, o orixá que reina nos oceanos é Olokun e, segundo consta, é o pai de Yemonjá. Ela, por sua vez, fixou seu reinado nos lagos (de água doce e salgada), enseadas, quebra-mares e na junção entre rios e mares (pororoca).
YEMANJÁ:Ye + omo + eja = mãe dos filhos peixes, ou, Yèyé omo ejá (Mãe cujos filhos são peixes).O cristal representa seu poder genitor e sua interioridade (filhos contidos em si mesma). Representa a gestação e a procriação. Em alguns mitos considera-se mulher de Òrányàn (descendente de Oduá e fundador de Oyó) de quem ela concebeu Sàngó (Ancestre dicino da dinastia dos Àlàfin de Òyó).
A mãe dos orixás, esposa de Òrìnsànlá. No Brasil é a deusa do mar, da água salgada, enquanto na Nigéria, a deusa de um rio, e orixá dos Egbá, onde existe o rio Yemoja. Também a deusa do encontro das águas do rio e do mar.
A mais antiga é Iyá Sagba , que quer dizer, A Mãe que passeia sobre as ondas.
Segundo algumas fontes; Orixá dos rios e correntes, especialmente do Rio Ogun, na África seria folha de Obatalá e Oduduwá, casada com Oranyian, fundador mítico de Oyó, teria sido esposa de Aganjú, e com ele teve um filho Orùngan, que a violou e dela são descendentes outros quinze orixás: Dadá, Sangó, Ògún, Olokun, Olosá, Oyá, Òsun , Obá, Oko, Oke, Saponan; Òrun (sol) e Osupá (lua); Ososo e Aje Saluga (orixá da riqueza). Seus diversos nomes são relativos aos diferentes lugares profundos (ibù) do rio.

Qualidades: 7 conhecidas, seus nomes diferem conforme região.

1) Yemoja Ogunte (esposa de Ogum Alagbedé)
2) Yemoja Saba (fiadeira de algodão, foi esposa de Orunmilá)
3) Yemoja Sesu/Susure (voluntariosa e respeitável, mensageira de olokun)
4) Yemoja Tuman/Aynu/Iewa
5) Yemoja Ataramogba/Iyáku (vive na espuma da ressaca da maré)
6) Iya Masemale/Iamasse (mãe de Xangô)
7) Awoyó/Iemowo (a mais velha de todas, esposa de Oxalá)

Seu maior símbolo..................âncora, barco, peixe, remo.
suas plantas......................................colônia, aguapé, lágrima de Nossa Senhora.
seu dia....................................sábado
sua cor....................................cristal, azul claro
seus símbolos...........................leque (abebé) com sereia, concha
seu mineral..............................prata
seus elementos.........................água
saudação..................................Odôyabá! Odó Iyá !
Domínios:..................................mar comidas:...................................peixe, camarão, canjica, arroz, manjar; mamão.

Arquétipo dos filhos:
Os filhos de Iemanjá são fortes, altivos, rigorosos, algumas vezes impetuosos e arrogantes, facilmente irritáveis, mudam de humor de um instante para o outro; são capazes de perdoar uma ofensa mas não de esquecê-la. São sérios, maternais e preocupados com os outros.
Maternais, amorosas, inteligentes, disponíveis, trabalhadoras, sensitivas, bonitas, corajosas, sutis, elegantes.
Manhosas, choronas, faladeiras, nervosas, revoltadas, dissimuladas.
O tipo psicológico dos filhos de YEMANJÁ é imponente, majestosa e belo, calmo, sensual, fecundo e cheio de dignidade e dotado de irresistível fascínio (o canto da sereia). As filhas de YEMANJÁ são boas donas de casa, educadoras pródigas e generosas, criando até os filhos de outros (Omulu). Não perdoam facilmente, quando ofendidas. São possessivas e muito ciumentas. YEMANJÁ, por presidir a formação da individualidade, que como sabemos está na cabeça, está presente em todos os rituais, especialmente o BORI.
Têm o sentido da hierarquia, fazem-se respeitar e são justas mas formais; põem à prova as amizades que lhes são devotadas, Preocupam-se com os outros, são maternais e sérias. Sem possuírem a vaidade de Oxum, gostam do luxo, das fazendas azuis e vistosas, das jóias caras. Elas têm tendência à vida suntuosa mesmo se as possibilidades do cotidiano não lhes permitem um tal fausto.
Referência Bibliográfica:
VERGER, Pierre; Orixás, Deuses Iorubás na Africa e no Novo Mundo; 5.ª ed; Currupio, Salvador, 1997.
VERGER, Pierre; Notas sobre o culto aos orixás e voduns; Edusp, São Paulo, 1999.


Minha inspiração pra essa letra veio quando olhei para o morro em frente a janela de casa, pensei em cada pessoa, nas dificuldades, tristezas, alegrias raras, imaginei Iemanjá com sua força invadindo cada casa, entrando na alma das pessoas, confortando, dando a paz ...

Iemanjá

Olhei para o morro e sussurrei
Pedindo a benção de Iemanjá

Olhei para o morro e sussurrei
Pedindo a benção de Iemanjá

Peguei a bandeira branca
Cobri o céu estrelado
O povo já tá animado
É festa!

Batuque rolou solto
Pandeiro chamou o jogo
O canto do mar soprou
É ela

Iemanjá ô Iemanjá
Rainha das águas vem dançar
Fazei nossos filhos pra casa voltar
Doce ou salgada é a rainha do mar

Iemanjá ô Iemanjá
Rainha das águas vem dançar
Fazei nossos filhos pra casa voltar
Doce ou salgada é a rainha do mar





Composição: Samanta Biotti